Publicado em Metodologias Ágeis

Dificuldades na implantação de Métodos Ágeis

Muito se fala sobre a implantação de Métodos Ágeis em ambientes corporativos com o objetivo de agilizar e simplificar processos existentes no ambiente organizacional de trabalho. Porém, antes de implantar é necessário refletir sobre alguns problemas que certamente serão enfrentados durante esse processo. As metodologias tradicionais estão focadas em seguir o plano inicial, construir uma documentação detalhada, dar mais valor à ferramentas e processos, bem como à negociação de contratos. Por outro lado, os métodos ágeis buscam a adaptação rápida a mudanças, colaboração com o cliente, além de dar mais valor a indivíduos e interações, bem como ao progresso do produto ou serviço sendo desenvolvido.

Diante desse cenário conflituoso, os métodos ágeis enfrentam diversas barreiras para penetrar em ambientes culturalmente tradicionalistas. Talvez seja esse o maior desafio, a mudança cultural! “Você não pode mudar a cultura organizacional sem saber aonde a sua empresa quer chegar, ou ainda, que elementos da atual cultura precisam mudar” [1]. Em outras palavras, é preciso conhecer bem o ambiente que deverá sofrer mudanças e saber claramente quais são os objetivos dessa transformação cultural. A mudança exige desaprender valores, premissas e comportamentos antigos antes que se possa aprender os novos. Os elementos mais importantes dessa mudança cultural são: apoio executivo e treinamento. Eis aqui outro grande problema enfrentado pelos métodos ágeis durante sua implantação. É difícil obter o apoio das altas instâncias da organização, porém é fundamental. Os executivos devem liderar a transformação pela mudança de seus próprios comportamentos e assim inspirar os demais colaboradores.

O gerenciamento de equipes, tema de grande estudo nos dias de hoje, também é visto como outra imensa barreira. É o trabalho mais árduo e complexo de se realizar nesse processo. É de conhecimento geral que as pessoas representam uma grande fonte de problemas. Diante desse cenário, deve figurar o papel do líder agregador e conciliador que motiva e inspira seus liderados a formar equipes homogêneas e com um objetivo comum bem definido.

” Grandes líderes mudam de estilo para levantar a auto-estima de suas equipes. Se as pessoas acreditam nelas mesmas, é impressionante o que elas conseguem realizar.” ( Sam Walton ) 

Interagir com outros departamentos da organização é outra tarefa complicada. Por isso, a mudança cultural da organização apoiada pela alta cúpula da é fundamental. Criar uma linguagem e atitudes comuns que sejam compreendidas por todos facilita as interações entre indivíduos de naturezas diferentes. Isso ajuda a criar um clima de harmonia e cooperação em prol de um objetivo comum traçado no planejamento estratégico da empresa.

Outro ponto fundamental é a interação com clientes, pois são eles quem mantém a empresa viva! “Não é a empresa que define o mercado. É o cliente.” (Peter Drucker). Os clientes devem participar ativamente do processo de construção de produtos, serviços ou resultados, fornecendo feedback constante. Assim como no relacionamento com os funcionários internos, a relação deve ser de cooperação no sentido de produzir os resultados desejados. Evitar conflitos e buscar soluções conjuntas são pontos relevantes dessa relação.

É válido ressaltar que esses são os PRINCIPAIS, não únicos, problemas enfrentados pelos métodos ágeis durante sua implantação. Sendo assim, cabe àqueles que pretendem aplicar esses métodos em seu ambiente de trabalho estar preparados para as diversas situações conflituosas que irão surgir durante esse processo transitório e ser persistente e determinado. Pois, como diria  Roberto Shinyashik:

“Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada,  encontra uma desculpa.”

[1] Alliance Coaching. Como mudar sua cultura organizacional. Acesso em 17 de Outubro de 2011. Disponível em http://bit.ly/oyMDkP

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Autor:

Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Pós-Graduado em Gestão de Projetos de Software pela Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe (FANESE) e Gestão e Liderança de Pessoas pela Universidade Tiradentes (UNIT). É certificado PMP pelo PMI, ITIL v3 Foundation pelo EXIN e COBIT 5 Foundation pela APMG. Possui experiência de 5 anos nas áreas de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do setor público e privado. Atualmente trabalha no Banco do Estado de Sergipe (BANESE), onde já desenvolveu atividades de análise de processos e gerenciamento de projetos no Escritório de Gerenciamento de Demandas, Projetos, pertencentes à Área de Governança de TI. Dentre elas, destacam-se a gestão do projeto de implantação do PMO de TI e suporte no gerenciamento de outros projetos. Atualmente, exerce a função de gerente de projetos no PMO Corporativo do BANESE planejando e executando projetos estratégicos da organização. Ministrou aulas de Sistema de Gerenciamento de Projetos em cursos de MBA da FANESE. É membro do PMI-SE onde já atuou como voluntário em eventos, ministrando curso de Gestão do Tempo em Projetos. É proprietário e articulista do site "Gestão de Projetos Ágeis" www.danielettinger.com, onde divulga trabalhos pessoais na área de Gerenciamento de Projetos e Metodologias Ágeis como artigos, v

7 comentários em “Dificuldades na implantação de Métodos Ágeis

  1. Prabéns Daniel pela iniciativa! Mas gostaria de complementar que a mudança de cultura é muito importante, mas métodos ágies não vai funcionar nunca sem Engenharia de Software (ES) de qualidade aplicada ao extremo. Técnicas da ES muitas vezes esquecidas nos “metodologias tradicionais” agora são vitais para o sucesso de implementações ágeis. Infelizmente muitos casos de insucesso na aplicação de ágil que venho acompanhando é por esquecimento, desconhecimento ou ainda má aplicação das “tradicionais técnicas de engenharia de software”. Espero que no futuro próximo as pessoas não tenham com os métodos ágeis o mesmo preconceito que hoje foi criado com os “métodos tradicionais”….

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    1. Certo, mas isso quando estamos falando especificamente de projetos de software. Lembrando que as metodologias ágeis podem ser aplicadas a projetos de qualquer natureza a fim de produzir não somente produtos, como também serviços ou resultados.

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  2. Interessante notar que sempre que publico artigos ligados ao tema Agilidade os acesso no blog aumentam substancialmente, o que demonstra quanto interesse esse tema desperta nos profissionais.

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  3. Daniel, parabéns pelo post. Eu estou pesquisando para poder experimentar uma metodologia ágil na produção de serviços. Na realidade, uma metodologia que venha realçar uma mudança cultural num ambiente administrativo, área meio, de uma empresa pública. A maioria do esforço da área é empregado em atividades de processos internos.

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  4. Bom dia! este tema é por demais interessante e proporcionalmente complicado…. sou desenvolvedor de soluções (sw, hw, sw+hw) desde 1993….. já passei por muitas metodologias e por discusões como estas….. e o que trago de mensagem para vcs é: “independente de qual metodologia vc resolver adotar, siga-a”. Tenho visto muita gente defendendo uma ou outra metodologia e/ou atribuíndo a elas o fracasso de um projeto, qdo na verdade o fracasso em geral é resultado da falha de execução / gestão do projeto.

    Já vi muita especificação mal feita nas metodologias tradicionais, que acabam não servindo de nada…. assim como já vi projeto usando scrum fracassarem pela não realização das cerimônias ou pelo uso de desenvolvedores sem maturidade suficiente, que é uma dos “requisitos” do scrum.

    Sintam-se motivados a experimentarem novidades, ou tradicionalismo, mas com responsabilidade.

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    1. Muito bem pontuado Marcelo. A melhor metodologia é aquela que se adapta a seu ambiente de negócios, onde muitas vezes se requer o uso de um conjunto de boas práticas de diversas metodologias afim de alcançar um modelo que realmente gere o valor esperado por sua organização.

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